PESQUISA POLÊMICA: Instituto IGUAPE se manifesta sobre acusação de falsificação de documentos e pesquisa ilegal em Quissamã. Questionário apontava 8 pré-candidatos

Na última sexta-feira, 12/06/2020, um blogueiro de Macaé fez uma grave denúncia sobre a realização de uma suposta pesquisa eleitoral ilegal na cidade de Quissamã (por não ter “autorização da Justiça Eleitoral”), feita pelo Instituto Guanabara de Pesquisas – IGUAPE. Segundo tal blog, os pesquisadores teriam ainda praticado o crime de falsidade ideológica para furar a Barreira Sanitária, apresentando documentos falsos como profissionais de saúde. Informou, também, que a pesquisa teria sido encomendada por um dos pré-candidatos da eleição majoritária deste ano em Quissamã.

Lembramos que, em ano eleitoral, a legislação só obriga autorização da Justiça Eleitoral para divulgação de pesquisas (e não para realização), que nesse caso para se tornarem públicas precisam ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral. Portanto, é permitido a realização de pesquisas desde que não sejam divulgadas.

Como a matéria não publicou a versão do Instituto de Pesquisa, o Jornal Quissamã resolveu ir atrás do IGUAPE para ouvir o seu lado da história. Entramos em contato com o Instituto, que tem sede na cidade de Cabo Frio, e conversamos com o responsável da empresa, senhor José Marcos dos Santos. O proprietário do IGUAPE declarou categoricamente que a denúncia é totalmente infundada. Fizemos três perguntas para ele:

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1 – JORNAL QUISSAMÃ: Como se deu a entrada, identificação e a passagem pela Barreira Sanitária? Houve contato com alguém do município para autorização da entrada?

JOSÉ MARCOS: Uma equipe de 5 Pesquisadores do IGUAPE (composta por 1 Supervisor e 4 Entrevistadores) portavam crachás do Instituto e se identificaram como Pesquisadores que estariam indo realizar uma Pesquisa Eleitoral na cidade, sendo liberados na Barreira Sanitária sem nenhum tipo de problema. Não é verdade a informação que foram usadas identificações falsas de profissionais de saúde.

2 – JORNAL QUISSAMÃ: O blog informou que o contratante da pesquisa teria sido o ex-Prefeito Armando Carneiro. Como sabemos que os institutos de pesquisa não costumam revelar seus contratantes, gostaríamos de saber se essa informação realmente procede?

JOSÉ MARCOS: A pesquisa não teve contratante. O Instituto tem a prática de realizar pesquisas por iniciativa própria por todo o Estado do Rio, e após a consolidação dos números, a pesquisa é oferecida para potenciais clientes. Possuímos mais de 15 anos de atividade no ramo estatístico e de pesquisas eleitorais. Atualmente estamos atuando em diversos municípios do Estado como Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Cabo Frio, Nova Friburgo, São Fidélis, Conceição de Macabu, Silva Jardim, Valença, Pádua, Japeri, Cordeiro, Italva, Itaguaí, dentre vários outros.

3 – JORNAL QUISSAMÃ: Algumas das pessoas entrevistadas nos informaram que a pesquisa também estava direcionada pra ações na área da Saúde, e que a metodologia utilizada no questionário da pesquisa apontava 8 (oito) pré-candidatos a Prefeito, a saber: a atual Prefeita Fátima Pacheco, o ex-Prefeito Armando Carneiro, a Vereadora Alexandra Moreira, Djamim Ferreira, Dr. Leandro, Emanoel da Ótica, o Vereador e Presidente da Câmara Luciano Pessanha e a ex-Secretária de Saúde Simone Flores. Essa informação procede?

JOSÉ MARCOS: Sim, houve abordagens sobre a Covid-19 e ações dos governantes contra a pandemia, abordagem que também utilizamos em outros municípios do Estado. E os pré-candidatos que figuraram no questionário foram realmente esses oito: Fátima, Armando, Alexandra, Djamim, Dr. Leandro, Emanoel, Luciano e Simone. Já tínhamos concluído mais de 90% da pesquisa, em bairros como Centro, Caxias, Mathias, Santa Catarina, Penha, Machadinha, Beira da Lagoa e Barra do Furado. Quando faltava apenas o bairro de Piteiras (20 formulários de uma amostragem total de 400) fomos abordados pela Guarda Municipal e informados que não poderíamos mais fazer a pesquisa por conta da pandemia. Reforçamos que mantivemos em todo momento os cuidados necessários de higiene, com máscaras e álcool gel, além de manter distância segura dos entrevistados.

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Um fato não podemos negar: a tal pesquisa causou enorme rebuliço na classe política de Quissamã, seja na situação quanto na oposição. Afinal, trata-se de uma cidade milionária que desperta muito interesse na disputa eleitoral. Embora o IGUAPE tenha declarado que não houve contrante, sabemos que o Instituto também não revelaria o nome de um suposto contratante, pois a confidencialidade é um dos pilares desse ramo.

E alguns fatos chamam a atenção na lista dos 8 pré-candidatos que compõe a pesquisa. Primeiro, o nome da atual Vereadora de oposição, Alexandra Moreira, que já se declarou como pré-candidata a reeleição para a Câmara, junto com seu marido, Armando Carneiro (do mesmo partido), e que também já se declarou pré-candidato a Prefeito. Uma “pulverização” da oposição em pleno ano eleitoral não seria uma estratégia interessante, principalmente levando-se em conta que a disputa será muito acirrada.

Também outros dois nomes chamam a atenção: o do Presidente da Câmara Luciano Pessanha, que até o momento não se posicionou publicamente sobre uma possível candidatura a Prefeito este ano. E por fim, o nome que talvez seja o mais estranho da lista é o da ex-Secretária de Saúde Simone Flores. Além de ser do mesmo partido da atual Prefeita Fátima Pacheco, ela também já teria se posicionado para concorrer a uma vaga de Vereadora. Será que pode estar havendo algum tipo de “fogo amigo” dentro da situação?

Mas, realmente, a pergunta que não quer calar na cidade é: quem teria contratado essa Pesquisa?

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